Jayme Grabois (1908-1990) nasceu em 28 de Julho de 1908, em Buenos Aires (Argentina), filho de judeus que emigraram no início do século XX da Europa Oriental para a América Latina. Sua família se mudou para o Brasil quando ele ainda era criança, estabelecendo-se inicialmente em Salvador, onde Jayme realizou seus estudos secundários. Um de seus irmãos foi Maurício Grabois (1912-1973), histórico dirigente do Partido Comunista do Brasil, líder da Intentona Comunista de 1935, deputado constituinte cassado em 1947 e comandante da Guerrilha do Araguaia, nos anos 1960-70.
Iniciou sua formação médica ainda na Bahia, mas terminou o curso na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1929, aos 20 anos de idade e ainda estudante de Medicina, começou a trabalhar no Laboratório de Psicologia Experimental da Colônia de Psicopatas do Engenho de Dentro, sob a orientação do psicólogo polonês Waclaw Radecki (1887-1953). Nesse Laboratório, as atividades principais eram pesquisas psicológicas, atendimento às pacientes internadas, capacitação de interessados na área de Psicologia. Foi nesse espaço que conheceu Édouard Claparède (1873–1940) e Wolfgang Köhler (1887–1967) por ocasião da visita destes importantes psicólogos ao país. Grabois teve uma grande contribuição para a difusão das ideias de Claparède no Brasil, fazendo a tradução, com notas, da primeira edição brasileira de “A Educação Funcional”, publicada em 1933 pela Companhia Editora Nacional.
Em 1931, um grupo de assistentes de Radecki publicou diversos artigos no Diário do Comercio que apresentavam as contribuições da Psicologia Aplicada aos campos da Educação, Direito e Medicina. Grabois contribuiu com o texto sobre a relação entre Medicina e Psicologia. Em 1932, outros dois trabalhos – “A Contribuição Experimental à Psicologia das Concepções” e “A Formação Voluntária das Representações”, em coautoria com Euryalo Canabrava (1908–1979) – foram submetidos ao 10º International Congress of Psychology, em Copenhague.
Ainda em 1932, o governo federal criou o Instituto de Psicologia, desativando o Laboratório. Radecki organizou ali um primeiro curso de formação de psicólogos, onde Grabois ministrou a disciplina Psicologia Aplicada à Medicina. Entretanto, o Instituto durou somente 6 meses, sendo desativado em função de várias pressões dos setores médicos e católicos. Em 1937, Grabois conseguiu a reativação do Instituto, transformado em órgão suplementar à Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil e funcionando no Edifício Nilomex (situado no cruzamento das ruas Nilo Peçanha e México, no centro do Rio de Janeiro). Grabois foi também nomeado o Diretor do Instituto. Permaneceu nessa condição até 1948, quando foi demitido da Universidade do Brasil por perseguição política, motivada pelo parentesco com o líder comunista Maurício Grabois. Foi substituído por Nilton Campos (1898-1963), que acabara de ser nomeado catedrático de Psicologia Geral na Faculdade Nacional de Filosofia. Depois de deixar a universidade, Grabois dedicou-se ao trabalho clínico como psiquiatra. Faleceu no Rio de Janeiro em 16 de maio de 1990.
Atualmente, o acervo físico da Coleção Jayme Grabois encontra-se disponível sob a guarda do Laboratório de História e Memória da Psicologia – Clio-Psyché (CLIO-UERJ). Estamos em fase de implantação do acervo no ICA-AtoM, software livre e com código-fonte aberto, desenvolvido para ser uma interface de acesso aos documentos arquivísticos.
Para informações sobre como agendar visita à Coleção Jayme Grabois, enviar e-mail para acervo.cliopsyche@uerj.br.